Pelos dados oficiais do contágio do novo coronavírus no Pará, o estado se manterá no pico da doença nos próximos dias, e deve superar os 18 mil casos nos próximos cinco dias, chegando ao dia 21 de maio com o mínimo de 18.730 casos, mas o número máximo na data poderá ultrapassar os 22 mil casos, pelos limites mínimos e máximos de confiança da projeção elaborada pelo pesquisador Yuri Willkens, da Universidade Federal do Pará (UFPA).
Já o número de óbitos deve passar de 1.800 e pode chegar até 1986 vidas perdidas para a covid-19 no Pará, também até 21 de maio. Assim como as projeções anteriores, e que se concretizaram, esta nova projeção é baseada nos dados oficiais divulgados diariamente pela Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), sem levar em conta as centenas de casos subnotificados.
Os limites de confianção são as margens acima e abaixo da média prevista em que nos números de casos e óbitos podem variar. Pará ontem, dia 15 de maio, por exemplo, a projeção feita por Willkens apontava que o dia terminaria com 12.650 casos, com limite mínimo de confiança de 12.309 casos e máximo de 12.991. Batendo com o número previsto, o Pará de fato terminou o dia com o número colado na média, com 12.626 casos confirmados.
Durante o mês de abril até a primeira semana de maio, os números da doença vinham sendo duplicados em média a cada cinco dias no Pará. Após leve achatamento da curva, a última duplicação levou oito dias, tendo ocorrido no último dia 14, com 11.479 casos, número próximo do dobro do dia 6 de maio, quando o Pará 5.524 casos, pelos números oficiais, tendo sido, portanto, concretizadas as projeções anteriores.
Apesar da soma de três dias ao intervalo das duplicações, o ritmo de crescimento ainda é alto e, se for mantido, o Pará de fato pode chegar a mais de 22 mil casos no próximo dia 21, que será o 65° dia após o primeiro caso confirmado no Pará, em 18 de março deste ano. “Essas projeções revelam os reflexos do afrouxamento das medidas de isolamento ocorridas antes do Pará decretar o lockdown”, explica Willkens, que é biólogo e pesquisador do Programa de Pós-Graduação de Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários (PPG BAIP) da UFPA.
Ele ressalta que frear o ritmo depende do esforço conjunto de toda a população, e nesse sentido a manutenção do lockdown pela Prefeitura de Belém e Governo do Pará são fundamentais. “Até o momento os números refletem o comportamento de 14 dias atrás, portanto, os efeitos dos dias de lockdown ainda não foram computados, eles ainda serão sentidos lá na frente”, afirma o pesquisador.
Em todas as projeções Yuri Willkens tem explicado que há fortes indícios de que os dados oficiais no Pará, assim como no restantes do Brasil, são subnotificados pela falta de acesso da população aos testes, que não são suficientes para atender nem as pessoas sintomáticas. Ainda assim, os dados oficiais dão um indicador do quantitativo de pessoas doentes, com diagnósticos confirmados, contaminando outras pessoas.
Isolamento social é saída para evitar o adoecimento simultâneo
Na visão de Wllkens a curva numérica do contágio da covid-19 no Pará pode começar a sofrer achatamento com a manutenção do "lockdown, prorrogado ontem para vigorar até dia 24 de maio, conforme anúncio feito pelo prefeito de Belém, Zenaldo Coutinho, e pelo governador do Pará, Helder Barbalho.
A prorrogação se dará em Belém e em mais nove municípios do Pará onde a medida foi adotada desde o último dia 7 de maio, com término inicialmente marcado este domingo, 17. “Esse período, se obedecido pela população e bem fiscalizado pelos órgãos competentes, fará toda a diferença nos resultados. As pessoas precisam se conscientizar de que essa doença, há muitos dias, deixou de ser apenas números para se tornar rostos, muitos rostos conhecidos de milhares de famílias”, alerta Willkens.
Fonte: Roma News