O dia 15 de agosto é um importante feriado histórico do estado do Pará,
pois foi nesse dia no ano de 1823 (um ano depois que o país havia se
tornado independente de Portugal) que o estado aderiu a independência do
Brasil. O fato de o estado ter demorado para aderir a independência dos
colonizadores pode ser explicada pela estreita relação que eles tinham
com os portugueses.
Mesmo hoje em dia quando visitamos a Cidade Velha ou o bairro da
Campina é possível observar os resquícios da colonização portuguesa na
região da Amazônia. Nessa época a região ainda era a Província do
Grão-Pará e não se mostrou muito propensa a aderir a independência
proclamada por Dom Pedro I às margens do Ipiranga.
Identidade do Pará
A adesão do Pará é importante historicamente para o país que
finalmente passou a estar livre do domínio dos portugueses e também para
os paraenses que começaram a estabelecer a criação de uma identidade do
povo do estado que sempre esteve muito isolado do restante do Brasil.
Quando resolveu aderir a independência do país, o estado do Pará,
passou a ter um sentimento mais forte de pertencimento a sua terra. Com
isso o estado deu o primeiro passo para a formação de uma identidade
mais forte de pátria.
O Brasil Até 1822
Para compreender melhor esse importante momento histórico é
necessário estar a par do contexto. O Brasil até o ano de 1822 estava
dividido em duas províncias que a do Grão Pará e Maranhão e a do Brasil.
Não havia muito contato entre ambas uma vez que as trocas comerciais e
culturais eram feitas diretamente com Portugal.
Com a transferência da Corte Portuguesa para o Rio de Janeiro em 1815
as províncias que antes eram separadas tinham sido agrupadas no chamado
“Reino Unido”, entretanto, quando Dom João VI retornou para Portugal no
ano de 1820 foi necessário decidir se era melhor se juntar ao Brasil ou
permanecer ao lado da colonizadora.
O Pará e a Causa Revolucionária Portuguesa
O estado do Pará foi o primeiro a aderir a causa revolucionária
portuguesa, isso porque acreditava que assim teria mais liberdade
econômica e política. Porém, depois da declaração da independência as
cortes de Lisboa passaram a ouvir cada vez menos os deputados que
estavam fora de Portugal.
Existam algumas ligações entre as elites de Belém e a corte
portuguesa, além da relação comercial havia ainda a presença de
militares lusitanos que se mantinham fieis ao antigo rei já que pouco
conheciam a respeito de Dom Pedro I. Percebendo que dificilmente o Pará
iria se render e aderir a independência o imperador enviou uma frota que
deveria seguir até a Bahia para incentivar que a região aderisse.
O Blefe
Apesar das ordens de ir somente até a Bahia os militares resolveram
seguir até o extremo norte do estado do Pará e quando chegaram lá
blefaram dizendo que eram apenas os primeiros de uma frota de navios que
chagaria ao local para obrigar os paraenses a aderir à independência.
Pressionados os paraenses resolveram se tornar brasileiros
pacificamente. Quando perceberam que era apenas um golpe dos militares
já era tarde demais e já estavam obrigados a aderir politicamente ao
documento de independência.
Vida Que Segue
Apesar de terem sido coagidos a assinar o documento não mudou muita
coisa na vida dos paraenses em especial na vida daqueles que eram os
mais pobres ou mesmo dos escravos. O estado do Pará não pertencia mais
ao império português, mas pertencia ao império brasileiro.
Existia entre os paraenses uma expectativa de mudanças principalmente
entre aqueles que haviam nascido no estado. Como nada mudou para melhor
na vida dos nativos logo eclodiram revoltas dentre as quais a conhecida
como briga do palhaço foi a mais trágica.
Tudo Permanece Igual
Um dos pontos dessa adesão que mais revoltaram os paraenses foi o
fato de que bastava para a elite assinar um documento e jurar fidelidade
ao novo monarca, D. Pedro I, para manter os seus títulos e
propriedades. Apenas três meses depois de ter assinado a adesão houve
uma revolta de tropas paraenses que acabou sendo duramente reprimida.
Ao todo 256 paraenses que lutavam para ter direitos de cidadania
iguais aos dos portugueses que aqui viviam fora presos no porão do Navio
São José Diligente e acabaram morrendo por asfixia, sufocamento e
aqueles que resistiram foram fuzilados. Foi um episódio marcante na
história política e de identidade local.
Com essa tragédia começou a surgir um forte sentimento de identidade
do estado do Pará que mais tarde voltaria a eclodir em outras revoltas
como aquela sangrenta da Cabanagem em 1835.
As Incertezas do Estado do Pará
Talvez a principal questão que assombrou os paraenses daquela época
fosse a de como ser um “brasileiro” como estava escrito naquele
documento que deveriam ser. Muito entendiam que ser brasileiro nada mais
era do que aderir e concordar com o movimento liderado no Rio de
Janeiro. Já para outros ser brasileiro era basicamente ter nascido no
solo do país.
Mesmo após terem aderido a independência ainda houve um período de
dúvidas e incertezas a respeito de como e o que era ser brasileiro. A
elite do Pará parecia bem dividida, porém, as pessoas mais pobres e os
escravos de origem africana sabiam que em suma nada iria mudar para
eles.
A única possibilidade para os menos desfavorecidos naquele momento
era aproveitar a fragilidade de uma elite dividida para realizar
revoltas populares em busca de melhores condições. Com isso foram feitos
muitos levantes e houve muitas mortes que culminaram com a sangrenta
Cabanagem de 1835.
O dia 15 de agosto é um importante feriado histórico do estado
do Pará, pois foi nesse dia no ano de 1823 (um ano depois que o país
havia se tornado independente de Portugal) que o estado aderiu a
independência do Brasil. O fato de o estado ter demorado para aderir a
independência dos colonizadores pode ser explicada pela estreita relação
que eles tinham com os portugueses.
Mesmo hoje em dia quando visitamos a Cidade Velha ou o bairro da
Campina é possível observar os resquícios da colonização portuguesa na
região da Amazônia. Nessa época a região ainda era a Província do
Grão-Pará e não se mostrou muito propensa a aderir a independência
proclamada por Dom Pedro I às margens do Ipiranga.
História no Arquivo Público
Parte da história do Pará permanece no Arquivo Público como a ata de
adesão que possui as assinaturas dos cidadãos além de ofícios trocados
entre as autoridades de Lisboa e do Rio de Janeiro com o estado do Pará.
Também fazem parte desse arquivo jornais como O Paraense e o Luso –
Paraense que naquela época eram os principais responsáveis por retratar o
que acontecia no local.
Os periódicos naquela época eram raros e tinham poucas páginas
entretanto são muito importantes para divulgar ideias e demonstrar como o
clima política se mantinha bem acirrado.
Fonte: Cultura Mix <http://bit.ly/2MPlDAn>